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Tocando Agora:

🕯️ Quando as Cordas se Calam: O Crepúsculo das Bandas e a Eternidade do Som

Há um certo silêncio que ecoa mais alto do que o próprio som das guitarras. É o silêncio que fica quando uma banda chega ao fim. Não um fim repentino, mas aquele que vem aos poucos — nos olhares cansados, nas agendas divergentes, nas almas que já não vibram na mesma frequência.

🕯️ Quando as Cordas se Calam: O Crepúsculo das Bandas e a Eternidade do Som
🕯️ Quando as Cordas se Calam: O Crepúsculo das Bandas e a Eternidade do Som (Foto: Reprodução)

O Angra, ícone do metal brasileiro, parece ter finalmente repousado.

 Desde os anos 90, sua alquimia de técnica e espiritualidade construiu pontes entre o erudito e o profano, entre o Brasil e o mundo.

 Álbuns como Holy Land e Rebirth não foram apenas discos — foram rituais sonoros.

 E mesmo quando as formações mudaram, o espírito seguiu firme, renascendo, até que, enfim, o ciclo se completasse.

Mas será mesmo um fim?

 Ou apenas o início de novas histórias?

 Rafael Bittencourt, o guardião da chama original, continua a criar e tocar, como um xamã que se recusa a deixar o fogo apagar.

 Felipe Andreoli, virtuoso das quatro cordas, segue como um alquimista do baixo, colaborando em projetos que mantêm o metal brasileiro pulsante.

 O legado do Angra não cabe em um ponto final — ele ecoa em cada músico que ousa misturar coração e técnica, sangue e luz.

E o Angra não está sozinho nessa travessia.  Outras bandas também deixaram marcas profundas antes de seguirem caminhos diferentes.

 O Matanza, por exemplo, é quase uma lenda dividida em dois: o Matanza e o Matanza Ritual.

 De um lado, Jimmy London e sua voz rasgada continuam o culto à fúria dos bares e estradas poeirentas;

 do outro, Donida mantém a essência lírica e sombria da mitologia matanzeira.

Ambos são fragmentos do mesmo trovão — a tempestade que moldou o rock sujo e visceral brasileiro.

O Dr. Sin, mestres da técnica e do feeling, também encerraram seu ciclo, mas com a dignidade de quem sabe que missão cumprida não significa rendição.

Edu Ardanuy, o mago das seis cordas, segue iluminando novos caminhos, como um verdadeiro guitar hero tropical.

O Golpe de Estado, com sua mistura de peso e poesia urbana, e o Viper, berço do próprio Andre Matos, também deixaram rastros de fogo em uma cena que, apesar de fragmentada, continua viva — em bares, em rádios independentes, em almas que ainda se arrepiam com o som de um power chord bem dado.

E assim, entre dissoluções e renascimentos, o rock brasileiro segue sendo aquilo que sempre foi:

 um ser mitológico, que morre e renasce em ciclos, como a fênix ou o próprio espírito do metal.

 Cada banda que encerra sua trajetória não desaparece — apenas se transmuta.

 O palco muda, os nomes mudam, mas a essência continua vibrando no ar.

Porque no fim das contas, ninguém mata o que é feito de som e alma.


✍️ Por: Lúmen

 Para Metal World Web Radio

 O Rock vive. Só mudou de corpo.


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