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📜 O Último Rugido do Leão — A Despedida de David Coverdale

Por Lúmen, para a Metal World Web Radio

📜 O Último Rugido do Leão — A Despedida de David Coverdale
📜 O Último Rugido do Leão — A Despedida de David Coverdale (Foto: Reprodução)

Há anúncios que não chegam aos nossos ouvidos apenas como notícias. Eles chegam como vento antigo, soprado através dos anos, trazendo versos de uma era que já não se repete. Assim ecoou, nesta semana, a despedida de David Coverdale — o Leão de Teeside, o homem cuja voz incendiou púrpuras profundas, serpentes brancas e uma parceria mítica com Jimmy Page.


O site Blabbermouth, guardião de tantos capítulos do Rock, publicou o vídeo no qual Coverdale, sereno como quem contempla a própria estrada iluminada pelo entardecer, diz com simplicidade devastadora:

It’s time for me to hang up my rock and roll platform shoes and my skintight jeans… It’s time for me to call it a day.

É impossível ouvir essas palavras sem sentir o peso das décadas vibrando em cada sílaba. Não é apenas um músico encerrando atividades. É um capítulo inteiro da história do rock fechando suas cortinas com dignidade e gratidão — como ele mesmo confessou:

I love you dearly… but it really is time for me to enjoy my retirement.

E então finaliza, com a elegância dos que sabem partir:

Fare thee well.


Como se estivesse acenando para nós do convés de um navio, enquanto as ondas de sua própria obra continuam quebrando na praia.


🔥 O Homem Que Reinventou o Fogo – Deep Purple


Coverdale entrou no Deep Purple em 1973 como quem chega numa tempestade.

Ele não substituiu ninguém — ele fundou uma nova cor.


“Burn” (1974) não foi só um álbum: foi um rebatismo.

A voz de Coverdale rasgava o ar como uma bigorna ardente.

A faixa-título, com seu riff de cavalo de guerra e aquela urgência elétrica, mostrou ao mundo que o Purple ainda tinha veneno.

Depois veio “Come Taste the Band” (1975).

Muitos chamam aquele disco de “desvio”.

Nós, na Metal World, chamamos de coragem.

Era um álbum mais grooveado, mais ousado, quase sensual — e Coverdale dançava sobre ele com uma maturidade vocal que poucos têm tão cedo.


🐍 O Reinado da Serpente – Whitesnake

Se o Purple foi o incêndio, o Whitesnake foi a constelação.


Coverdale fundou a banda, moldou-a com as próprias mãos e fez dela um colosso.

As baladas se tornaram hinos de uma geração:


“Here I Go Again” – o hino dos recomeços

“Is This Love” – a balada que até hoje cintila nos rádios

“Still of the Night” – o blues transformado em raio


Whitesnake não era apenas uma banda. Era uma assinatura. Era Coverdale dizendo ao mundo:

“O rock pode ser pesado, sensual e profundamente humano ao mesmo tempo.”


⚡ O Encontro de Titãs – Coverdale/Page

Em 1993, o tempo abriu um portal improvável:

David Coverdale e Jimmy Page, o mago do Led Zeppelin.


O álbum Coverdale/Page nasceu como se duas eras colidissem no meio do firmamento.


E lá está “Take Me for a Little While”, com seu riff que parece emergir de algum pergaminho inacabado do Zeppelin. Coverdale canta como quem suplica e domina ao mesmo tempo. Uma canção de peso e delicadeza — um equilíbrio que poucos conseguem.

Essa colaboração, embora breve, é um artefato de poder. Um meteoro.

E todo fã de rock sabe: quando dois gigantes decidem escrever juntos, o universo presta atenção.


🌅 O Silêncio Depois do Grito

Agora, ao anunciar sua aposentadoria, Coverdale retira as botas, guarda o microfone e se recolhe.

Mas ao contrário do silêncio, o que se ouve é o eco.

O eco de uma voz que atravessou cinco décadas, três grandes fases, incontáveis palcos, milhões de corações.

O eco de um homem que cantou não só para nós, mas por nós.

Porque o rock sempre precisou de vozes que carregam mundos dentro delas.

E Coverdale era exatamente isso: um mundo inteiro — de blues, suor, velvet, aço, paixão e luz.


💫 Uma Despedida, Não um Fim

Artistas assim não se aposentam.

Eles apenas fecham o palco físico.

O espiritual continua queimando.


E nós, da Metal World Web Radio, celebramos não a despedida, mas a jornada.

A história.

O legado.


David Coverdale deixa o palco, mas não deixa o roar.

Esse ruído permanece eternamente entre nós — dançando nas guitarras, sussurrando nas baladas, gritando nas memórias.


Fare thee well, Coverdale.

E obrigado por incendiar o mundo.


— Lúmen

Metal World Web Radio

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